O que está acontecendo com nosso
tempo, que foi engolido pela rotina acelerada de compromissos que muitas vezes
não tem sentido? As vezes me pego
pensando no quanto eu deixei de aproveitar meu dia, buscando formas de melhorar
minha qualidade de trabalho, buscando formas pra render mais e atender a um
mercado que é injusto e ingrato, pois você sabe que um dia você também será
cuspido na lata do lixo. Dentre tantas questões que nos apegamos e nos
desesperam, é sobre como será nosso futuro. Dentre tantas questões que nos
tiram o sono, estão nossas memórias ancoradas em alguns momentos que nos
constrangemos a querer esquecer ou mudar. Perguntamos se dávamos pra ter feito
algo diferente e como seria hoje se o fizéssemos. É amedrontador olhar pro
horizonte e não enxergar nada no futuro. São perguntas atrás de perguntas que
vão virando uma bola de neve e lama difícil de se livrar.
Mas, você reparou que nenhuma
vez eu me referi ao agora? As civilizações evoluíram culturalmente ao ponto de sua base estar alicerçada em
movimentos futuros. Em um caráter de inconsciente coletivo, é o amanhã que importa mais. Prevenção e tratamento de doenças futuras, mercado financeiro
baseado em especulações futuras, projetos políticos baseados em projeções
futuras, previsão do tempo, cartão de crédito pra pagar no próximo mês,
previdência privada...aliás, você nasce e já programa a sua vida pra escola,
estuda pensando em entrar pra uma boa faculdade, entra na faculdade pensando em
um futuro emprego com bons salários, você estuda e trabalha a vida inteira pra
ter um conforto e poder aproveitar a vida quando se aposentar. E quando você
chega lá, está doente. As vezes você nem chega lá.
Na nossa sociedade, a vida está
toda planejada. Mas na natureza divina do universo, não. Não existem planos,
apenas leis que regem os movimentos e as trocas de energia. Você em uma escala
cósmica não se atreve à prepotência de se achar importante, pois um dia voltará
a ser pó. E justamente ao entender que abandonamos o agora e que precisamos
retomar esse sentimento de estar presente, que conheci a meditação.
Certa vez, em um dia muito
movimentado, precisando entregar atividades da faculdade antes do prazo, minha
cabeça fritava de dor. Eu desliguei a
música que estava ouvindo, e a dor não passava. Então resolvi parar por 10
minutos e descansar pra voltar melhor. Dormi e acabei perdendo o prazo de
entrega das atividades. Acordei melhor, e frustrado no outro dia, achando que
eu havia me sabotado. Resolvi então sair pra caminhar pra relaxar as tensões.
Entretanto resolvi fazer algo diferente. Dessa vez, eu me propus a não escutar
música e apenas observar o que passava por mim ao longo do trajeto. Foi a forma
que encontrei pra me distrair e esvaziar minha mente de questões que
desnecessariamente estavam derrubando meu humor. O silencio da mente se
misturava ao ruído da rua, ao barulho da natureza. Eu estava sentindo o que era
estar presente, eu estava sentindo o agora. Descobri então o que era meditar.
É irônico saber que uma prática
tão pouco difundida quanto deveria e não tão levada a sério em nossa cultura
milenista de adoração à tecnologia, e ao mesmo tempo, tão antiga quanto a
própria civilização humana. A academia data os primeiros documentos sobre
meditação ali pelos 300 a 1500 anos antes da era comum, na china e na índia.
Com forte representação na literatura taoísta e das tradições do norte da
Índia, como os upanishads, é de se especular que a prática e toda a cultura envolta
da meditação sejam de centenas ou milhares de anos antes, pois as culturas
dessa região são conhecidas por passarem sua sabedoria por meio da tradição
oral. Este conhecimento era passado apenas aos sacerdotes e mestres dos maiores
graus e, por ausência de documentos, não ocorreria o risco de se vazar para
fora dos círculos sacerdotícios.
Porém podemos observar a
tradição da meditação nas culturas xamânicas dos povos indígenas aqui no
continente americano. Os curandeiros, os líderes políticos e os patriarcas eram
responsáveis por estabelecer o contato entre os deuses e deusas com o seu povo,
como uma ferramenta para alcançar visões, atingir um estado de êxtase ou para
invocar espíritos elementais da sua cultura. Isso com o objetivo de prover aconselhamentos,
fertilidade, prosperidade e força para seu povo entre os momentos de constante
conflito. As culturas Inca e Asteca eram reconhecidas pelos seus rituais de
adoração ao Sol, bem como o povo egípcio, no continente africano, assim como os
povos mencionados anteriormente na Ásia. Tira-se daí a importante da imagem do
Sol, como a força motriz das energias do nosso corpo, e então sua simbologia
como base de vertentes da meditação. Pois segundo essas culturas, além do nosso
corpo, o sol é a fonte motriz da vitalidade de tudo que se move e vive no
planeta.
Atualmente a prática da
meditação tem sido incorporada na cultura ocidental, muito por meio de uma
busca pela recuperação da qualidade de vida em contraponto à cultura do
trabalho árduo. Por muitas vezes encontramos o uso da meditação como forma de
atingir o conceito de mindfulness, ou atenção plena. Esta é uma prática voltada
para atingir o bem-estar por meio da apreciação do estado presente, muito
difundido entre pessoas que buscam um estilo de vida equilibrado entre
qualidade de vida e produtividade numa economia de mercado. Os objetivos são
polêmicos e podem ser dissonantes dos objetivos da meditação tradicional.
Porém, não estamos presentes para críticas ou definir o que está certo, pois
esta é apenas mais uma de tantas práticas que se desenvolvem e, se como tal faz
sentido para suas aspirações, construa por este caminho e seu coração estará em
pleno diálogo com sua mente.
Dentre as formas de meditação,
podemos escolher o caminho da manipulação dos nossos pontos de energia, o
caminho para o esclarecimento de ideias, a ponderação de sentimentos, o caminho
da comunicação com entidades intra ou extramundanas, ou até mesmo o caminho do
desdobramento astral. Porém todos devem navegar junto ao rio para um destino: o
equilíbrio. E este é o significado etimológico da meditação, o uso da mente
para atingir o equilíbrio do ser.
Ao passo que a meditação estará
aos poucos integrada aos seus costumes pessoais, você notará um maior
equilíbrio emocional, bem como a redução do estresse, da ansiedade e de
sintomas depressivos, uma vez que a prática estará promovendo um aumento da
produção de hormônios e conexões cerebrais ligados a estados de euforia ou de
prazer. No caso da diminuição da ansiedade, o efeito se dá pela noção de tempo
que se perde ao longo da atividade. Portanto na medida em que você estará
esvaziando sua mente de preocupações e questões mundanas, você aprende a sentir
e apreciar o seu corpo e o ambiente em que ele se insere no estado presente. As
sensações táteis se tornam mais destacadas e as percepções se tornam mais
claras e distintas.
Fisicamente, a meditação auxilia
no desenvolvimento da concentração e foco para atividades do seu dia-a-dia, bem
como no estudo, trabalhos manuais e intelectuais. Isso porque seu cérebro
estará revitalizado, estará oxigenado muito por “culpa” do exercício da
respiração que potencializa os trabalhos musculares do pulmão e aumenta a
capacidade de captar oxigênio, vital para manter o corpo pleno.
Da mesma forma acontece as
questões do autoconhecimento e da autoestima, potencializados a medida que se
esvazia a mente, sobra apenas as questões do eu. Você aprende a separar o que
não pertence à sua personalidade das coisas que constitui seu ser. Você não é
seu emprego, não é o seu dinheiro, suas atitudes e palavras dizem sobre você,
mas também não o são; nem ao menos seu corpo o é. Nesse caso, o “eu” se torna
apenas o que a sua mente lhe flui. Entendendo o eu, você estará mais próximo da
sua posição real neste mundo. Entendendo o eu, você estará fluindo na direção
que sua roda kármica promoveu para seu desenvolvimento.
Este foi um breve texto
introdutório sobre a meditação e seus benefícios, nos próximos textos iremos
abordar mais a fundo as formas de meditação, e estabelecer um guia básico para
praticá-la – lembrando que não será o único caminho correto, mas apenas
indicações que você poderá aperfeiçoar de acordo com seu perfil pessoal e sua
rotina. Desde já, procure grupos especializados para participar e pondere uma
forma de meditação que lhe faça sentido e lhe agrade mais. Estar acompanhado de
pessoas que se interessam ajudará um a motivar o outro e trará experiências
diferentes em cada mente.
Pode ter certeza de que você não
começará meditando por horas e sairá do corpo, nem encontrará suas divindades.
O primeiro passo da meditação é buscar aceitar e sentir prazer pelo próprio
momento presente. Aos poucos, seu desenvolvimento alargará os limites de sua
mente para coisas incertas, que cada um irá descobrir para si.
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