A presença de pessoas que
afirmam ter habilidades sobrenaturais acompanha toda a história das
civilizações. Estes seres que são observados por algumas tradições como
enviados dos deuses, mensageiros do divino, profetas, acabam por ser encarados
de forma jocosa e sem credibilidade pela cultura ocidental da modernidade, uma
vez que após o período iluminista do século XVIII e XIX, as instituições
intelectuais fizeram questão de romper os laços
da ciência contra a fé. Laços que outrora eram firmes e auxiliavam o
trabalho de teólogos, alquimistas e ordens ocultas do passado. Porém, se a fé e
os fenômenos paranormais presenciados são de caráter da vivência humana, por
que não deveria a ciência tentar desvendar seus caminhos?
Por hora, já existem correntes
que buscam entender o fenômeno sobrenatural com os métodos científicos
tradicionais da academia, como é o caso da parapsicologia em caráter de
fenômenos psicossomáticos, a psicanálise em relação aos sonhos e ações do
inconsciente e as faculdades de teologia no campo da filosofia e sociologia.
Porém, se “alegações extraordinárias requerem evidências extraordinárias”, como
disse Carl Sagan, então, pelo princípio hermético da afinidade e equilíbrio das
polaridades das leis universais, fenômenos que rompem a lógica da nossa
realidade jamais seriam compreendidos através da ciência tradicional. Se as energias que operam o mundo
sobrenatural trabalham de forma diferente do nosso mundo, jamais poderemos compreendê-las
utilizando a física clássica newtoniana, ou da mecânica de Joule, ou qualquer instrumento dos métodos científicos.
Portanto, para ser compreendido
em nosso mundo material, o sobrenatural requer que façamos intermédio entre
este plano que vivemos e o plano além. Para isso, é importante a presença dos médiuns
e clarividentes, e que estes realizem sérios estudos, pois todos seus escritos
são importantes registros para efeito de comparação dos fenômenos vivenciados.
A sensibilidade aflorada destes servirá de ponte para compreendermos não só o mundo
espiritual, mas as forças ocultas que regem os planos deste planeta ao qual nos
limitamos a viver e compreendermos que certos misticismos também fazem parte de
uma natureza mundana, da qual apenas não conhecemos ainda.
O termo médium é comumente
usado pelas culturas ocidentais, enquanto as culturas da Ásia os chamam de
clarividentes (para um termo geral), mestres, sábios ou gurus. De toda forma, são
faculdades de desenvolvimento do mediúnico o exercício da clarividência,
clariaudiência, da psicografia, o desdobramento da alma em período de sono ou
até em vigília, as atividades de cura limpeza magnética como reiki ou passe,
entre outros laços de intercomunicação que no momento não conhecemos ou não se
catalogou. Porém, apesar de as habilidades serem afloradas já de nascença em
alguns indivíduos, todas as pessoas podem manifestar este dom se realizada uma
disciplina de estudos e de práticas frequentes, aconselhados pelos membros e
diretrizes da ordem ou centro da qual o interessado participa. Entretanto, este
que vos escreve gostaria de lembrar que o desenvolvimento solitário,
autodidata, também se faz, mas de maneira muito longa e difícil, uma vez que os
caminhos para quem nunca seguiu uma estrada se tornam longos, cansativos e
podem parecer labirintos. Por isso, não é de lei, mas se faz importante a
presença de um guia, um amigo, alguém que possa lhe orientar, te apresentar um
mapa. Afinal, o principal caráter do trabalho de um médium é a sua atividade em
sociedade. Pois então, que seja social o seu aprendizado.
Observa-se, dentre inúmeras
práticas para estimular o afloramento deste dom que O Pai nos deu, a realização
da meditação. Esta está onipresente entre as culturas da humanidade. Através
dela, serão realizados exercícios para se desligar do ritmo cotidiano, limpar e
remodelar pensamentos, alcançar um estado mental possível para realização
de trabalhos, a visualização e por fim, ressignificar a sua percepção da
realidade. Então, como o próprio termo “médium” indica, o trabalho se dará pela
evocação dos espíritos amigos para auxiliar na comunicação, e tal prática
demandará tempo, paciência e, principalmente, o desenvolvimento moral do
médium. No entanto, o trabalho mediúnico através da manipulação da nossa
bioenergia, ou leitura das energias externas, demandará alta disciplina e cuidados com o nosso próprio corpo, com
uma boa alimentação, evitar produtos que intoxicam nosso organismo, e evitar
consumir drogas que alteram ou degenerem nossa lucidez. Pois, se nossa mente é o
sistema operacional, o programa básico, então o nosso corpo é a máquina que
tornará possível todo e qualquer trabalho.
A saúde é fundamental para estabelecer a sincronia perfeita entre os
nossos pontos de energia, nosso corpo espiritual, nossa mente e nosso corpo
físico.
Portanto, o caminho da
mediunidade se faz pelos motivos que o precedem e estes deverão ser utilizados
para complementar seu compromisso com a luz. É de grande responsabilidade o
exercício e o entendimento, pois a alta probabilidade de lidar apenas sobre
confusões manifestadas pelo inconsciente ou de charlatanismo, põe em dúvida o
trabalho de pessoas sérias, uma vez que as almas enfermas depositam sua
esperança em suas mãos. Distorcer os caminhos de vidas alheias, também é
corroer o equilíbrio das leis kármicas, e esta por sua vez irá reagir para reestabelecer
a ordem natural. O dom da mediunidade se faz muito mais pelos caminhos da
conduta moral, do que pelos artifícios místicos. Aquele que busca o domínio da
mediunidade obterá sucesso ao conseguir harmonizar a sua vontade com a vontade
soberana das leis naturais, do livre arbítrio, da luz e da força maior que
construiu o universo. Aquele que busca a propagação de seus dons para um bom
legado, obterá sucesso se cultivar a humanidade e sua fé, o devoto, a confiança
e o bom gosto pela compreensão do que lhe é estranho, diferente. Pois o que não
é parte do ser, o complementa.