Os Níveis da Consciência Pt.2: Os Circuitos Cerebrais do Sistema Wilson-Leary

       





        Vamos abordar desta vez a visão de Timothy Leary que mais tarde fora interpretado pela visão ocultista/esotérica de Robert Anton Wilson em seu livro Ascensão de Prometeu. Hoje podemos ver alguns estudos ocultos se referindo a este sistema como o Sistema Wilson-leary. Os oito circuitos propostos peloSistema Wilson-Leary, operam dentro do nosso sistema nervoso e cada um corresponde a percepção de uma experiência na nossa realidade. porém pesquisa acadêmica contemporânea não admite este sistema de forma comprovada em seus estudos, o que relega o conceito de Wilson-leary aos âmbitos de grupos esotéricos e ocultistas contemporâneos, bem como da magia do caos, adeptos do discordianismo, technomagic, entre outros. Sendo tratado por muitos como uma pseudociência alinhada à metafísica.

Os quatro primeiros estágios da consciência tratam das questões básicas da sobrevivência do indivíduo e sua espécie. Já os últimos quatro estágios estão ligados à transcendência do ser, ao misticismo e à ligação dele com o cosmos ou algo além, que constitui o conjunto de nossas realidades. E então, cabe ao nosso esforço e capacidade de sentir e racionalizar a realidade para que possamos desenvolver esses estágios de forma equilibrada.

A partir desse momento, irei parafrasear o texto do site www.docelimão.com.br para descrever os oito níveis propostos por Timothy Leary. Vou utilizá-lo pois foi um texto muito bem sintetizado e direto no que se propõe a explicar.

 

1. Circuito da Biosobrevivência: este é o Circuito Cerebral mais primitivo. Relaciona-se com a busca pelo prazer e conforto entendidos como aquilo que possibilita a sobrevivência. O imprint relacionado a esse Circuito acontece nos primeiros momentos de vida dos seres humanos. Se for um bom imprint o indivíduo apresentará durante a vida um comportamento que se espelha como segurança, bem-estar, etc. Se for negativo inspirará um sentimento permanente de medo, ansiedade e eminência de perigo de vida.


 - dando uma pausa a citação do texto- você deve estar se perguntando: o que seria esse imprint?


Nesse caso o imprint pode ser entendido como uma marca genética que nasce junto ao indivíduo e que determina a tendência de sua personalidade, ou uma característica impressa geneticamente em sua espécie.


Voltando ao texto...


2. Circuito da Territorialidade: esse Circuito relaciona-se com o domínio sobre o espaço físico. É impresso quando a criança começa a andar. Se for um imprint positivo determinará que o indivíduo tenha um comportamento de maior liderança e consiga se “locomover” bem dentro da realidade. Se for negativo determinará uma tendência à submissão, a dificuldade de gerenciar a vida e de se relacionar com superiores hierárquicos.


3. Circuito Semântico: esse Circuito relaciona-se com a fala, a escrita e a manipulação de objetos e artefatos. Relaciona-se com o Hemisfério Cerebral Esquerdo (verbal, racional). É imprintado na pré-adolescência e determina o quanto o indivíduo será apegado e limitado em termos de idéias, opiniões, visões de mundo, ou o oposto, o quanto ele será aberto a novas experiências e conceitos.


4. Circuito Moral-Sexual: é imprintado na adolescência, ou quando surgem as primeiras experiências de ordem sexual. Se for um imprint de características mais limitadoras, ele irá inserir o indivíduo, na maioria dos casos, dentro da sociedade no papel de marido-pai-trabalhador ou de esposa-mãe-abnegada. Ao contrário, irá fazer da sociabilidade uma das características de maior qualidade na vida do indivíduo.


Os Circuitos terrestres muitas vezes são tudo o que os seres humanos experimentam e que chamam de vida; a morte normalmente chega antes que haja a possibilidade ou a compreensão do quanto limitamos a nossa manifestação e expressão dentro da realidade, o quanto lutamos, discutimos e acreditamos em coisas que no fundo não têm significado real para nossas vidas.


Esses foram os circuitos baseados na nossa sobrevivência como seres inseridos em um mundo social. portanto, ultrapassando essa dimensão de sobrevivência,  continuando a citação ao texto, os 4 Circuitos “evolutivos” são:


5. Circuito Neurossomático ou Hedônico: relaciona-se ao prazer sensorial-corporal, à saúde e bem-estar, ao êxtase somático. O indivíduo se sente imerso em estímulos agradáveis cuja raiz é o seu próprio corpo, entendido pela mente como sendo a fonte inesgotável de prazer. Quando o cérebro desenvolve totalmente esse Circuito ganhamos uma visão nova da vida que se sobrepõem às culpas, perplexidade, emocionalidade e “sintomas corporais” dos Circuitos inferiores. Nesse Circuito desenvolve-se uma consciência mais abrangente do corpo, sendo esta de outro nível, completamente interativa com o meio ambiente; é como se estivéssemos realmente unidos com o todo e fôssemos responsáveis por ele. Em termos emocionais, novas sensações e emoções originadas do corpo são buscadas, e a total entrega e experimentação delas tornam-se a regra. É também a fase da transcendência do ego, em busca de valores e experiências maiores. O “outro” especialmente associado a uma nova forma de sexualidade que transcende o sexo em si, surge como ponte para a passagem do quarto para o quinto Circuito.


6. Circuito Neurogenético: contém os “eus” e bancos de informação de todos os seres vivos. As primeiras descrições surgem de experiências xamânicas e descrevem esse Circuito como ligado a um fluxo de informações-experiências que transcende o eu pessoal. Na terminologia de Stanislav Grof seria o “inconsciente filogenético” e, dentro da terminologia científica, corresponde ao modelo de Rupert Sheldrake dos “campos morfogenéticos”. Grof e Jung assumiram que a informação não está localizada no eu, mas sim, no gene. Já R. Sheldrake, um biólogo, sugeriu que os genes não poderiam carregar tal informação. Ele descreveu um campo não localizado, e chamou-o de Campo Morfogenético. Esse campo comunica-se com os genes, mas não está neles, e conteria não apenas as memórias do passado, mas também as trajetórias em direção ao futuro, servindo como um “radar” evolucionário, preparando-nos para futuros saltos de graus de consciência, por mostrar-nos os registros das mutações do passado. Tal Circuito ativa os arquivos genéticos, permitindo-nos entrar em contato com os arquétipos primitivos “muito mais antigos que a linguagem e ainda assim, mais novos que o amanhã”, que poderiam ser relacionados com os níveis do inconsciente, onde as memórias anteriores ao nosso estado atual estariam guardadas. Estas memórias nos levariam, em direção ao passado, aos períodos pré-humanos, biológicos e finalmente, para aquela parcela do inconsciente que poderia ser chamada de oceânica ou cósmica, que antecede a própria criação.


7. Circuito Metaprogramador ou do Despertar: mudanças rápidas no funcionamento do cérebro podem ocorrer facilmente, mediante técnicas apropriadas. Leary afirmava que podemos mudar nosso “eu” tão facilmente quanto mudamos de canal de TV.

Afirmava que não existe um eu estático e que podemos metaprogramar nosso sistema nervoso para uma variedade de “eus”, muitos deles mais avançados que a média, atualmente presente na Terra. Se desenvolvido, esse Circuito poderá permitir o acesso a um novo nível de inteligência. Tal Circuito é análogo ao conceito chinês da “nãomente”.

É o momento em que o cérebro olha para si mesmo. Em nosso dia-a-dia parecemos ser fixos e permanentes, mas não somos, pois, seja qual for o Circuito no qual estivermos operando, este Circuito será o “eu” daquele momento. O sétimo Circuito é permanente; ele representa todos os papéis, mas não é nenhum deles. Não possui forma porque é todas as formas. É o vazio do Zen. Porém é um vazio que espelha o todo da criação. “Confrontamos o infinito onde menos esperávamos encontrá-lo: dentro de nós mesmos”.


8. Circuito Não-localizado ou da Consciência: Cada partícula do Universo está em comunicação instantânea com todas as outras partículas; não existem sistemas isolados.

O sistema inteiro funciona como um todo. Essa ligação acontece através da consciência de nossa própria identidade para com o todo. Tal conceito deixa de ser simplesmente teórico quando o oitavo Circuito surge; ele passa a ser sentido como realidade constantemente.


Estes 4 últimos Circuitos só podem ser desenvolvidos dentro de uma perspectiva diferente da Realidade. Implicam em um conhecimento maior e qualitativamente diferente do que é o ser humano. Implicam também em um grau diferente de consciência e compreensão da realidade, por isso só podem ser desenvolvidos dentro do que se convencionou chamar de Tradição Perene; sistemas que guardam, geram e apresentam conhecimentos e técnicas que visam desenvolver o homem em toda a sua plenitude, possibilitando-o libertar-se de seus próprios limites.


Tendo finalizado a citação ao texto, é importante a gente observar que os quatro primeiros circuitos são comparáveis (pelo menos em relação ao campo de estudo) aos níveis de consciência abordados pela psicanálise de carl jung, pela filosofia e pelo budismo tibetano. A partir do quinto, vemos tomar forma as características fundamentais da ânsia do espírito em termos filosóficos.

Os nossos desejos para além da sobrevivência de um sistema social ou ambiental, a nossa vontade superior em que tendo seu objetivo atingido se resulta na felicidade plena, mesmo que momentânea; as nossas motivações; nosso desejo em deixar um legado; atingir a iluminação; e por fim, nossa forma de interagir e modificar o universo e todo seu sistema de funcionamento. Tudo isso também pode se modificar ao longo do nosso amadurecimento ou apodrecimento. Tudo isso pode se reprogramar, o seu cérebro pode se reprogramar. Pois acompanhando o conceito de fluxo eterno, tudo está em constante mudança. Então o mundo que você viveu poucos meses ou anos atrás é totalmente diferente deste que vivemos no momento em que você escuta minha voz. A propósito: quanto tempo faz que você não sai sem medo de ficar doente ou se sentir responsável pela vida e morte de alguém?

Portanto os níveis da consciência não são uma ferramenta em que você pode trabalhar utilizando dela para alguma ação mágica, espiritual ou de quebra de paradigma. Os níveis da consciência ou os circuitos, são um mapa. E entender esse mapa te dará a oportunidade de desenhar o caminho para onde você quer ir e, nele, compreender os obstáculos para superar.

Para além da questão espiritual, é fundamental entender e aplicar que a sua consciência é sua saúde mas o seu corpo saudável também é responsável pelo funcionamento da sua consciência. Sinta seu corpo respirar, sinta a vibração dos sons, sinta o calor e o frio. Deixe seu corpo sentir e compreenda seus sentidos pra enxergar a sua posição no mapa. Entenda o seu norte. É uma vida tóxica? Uma vida de consumos exagerado, de aparências e de um prazer momentâneo? É uma vida de bajulação?  Ou é uma vida livre e sem medos? Uma vida que propõe um legado? Uma vida que contribui? Uma vida que busca ser além do que é o seu corpo?

 Pois não se esqueça que a sua consciência é um mundo cheio de paradigmas, mas também é você e suas atitudes. e suas atitudes que são as verdadeiras responsáveis por construir este universo. 

Nunca se esqueça disso.